ok, hoje é isso o que vai ser... Um pouco do meu início, um pouco do que for mais atual, um presente e talvez mais alguma coisa... vamos ver...
10.2.05
Índice
"Beleza Pura" e "Corte Verbal"
" Mulheres são lindas
Homens são; repulsivos.
Mas há a Beleza dos Homens...
Joaquim - "Os Três Mal-Amados"
"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."
e viva o seu João Cabral de Melo Neto...
Presente
Este aqui é para a Alguém, sabe, Dedicatória...
Escrevi faz algum Tempo numa Aula...
"(...)eu, sei do Amor. Já o vi andar pela Alma dos Seres e conheço sua Natureza...
É delicado como se jamais houvesse se ferido ou mesmo pisado sobre o duro solo. Isto tudo é bastante exato, já que o Amor não caminha sobre a Terra senão pelos Pés dos que amam, pisa sim sobre a Alma daques que amam. e não há Alma que permanessa aspera enquanto por ela o Amor caminhar, não há Alma aspera de Amante.
De certo já há tempos o Amor existe mas sempre que o vi estava jovem, mais jovial do que eu, creio que por renascer no coração de cada novo amante. Obvio que seja belo e volátil, pois nada tenta impedir sua vontade de entrar e sair da Alma dos Seres.
Desde que este por mim passou tenho-o perseguido e creio ser este aos meus Olhos o que há de belo nas Mulheres, sendo que pelas mais belas tem caminhado, deixando as humildemente. Ao Amor, posso então, dizer que já amei, pois amei aquelas pelas quais caminhou e por elas ainda presencio o em sua Plenitude, cada momento com maior Arte, fazendo dele minha Musa de Inspiração.
Não há Alma pela qual caminhe que não se torne mais artistica, por isso sei que é mestre das Artes. Aos Amantes floresce a Beleza das Artes e da Natureza, assim os tornando os mais belos dentre os Seres, e da Virtude, pois enquanto se ama não se tem Tempo para mais nada e nada há de mais virtuoso do que amar.
Nada há de mais justo aos Amantes que ficar juntos e separar-se para se reencontrar. com efeito é o Amor o mais corajoso Ser, sendo que se impõe sobre o Ódio e sobre a Guerra, os mais fortes Anteparos diante os Amantes. O Amor os sobrepõe, ferindo-os e estes de Natureza vingativa jámais feriram o Amor se não ao atingirem seus Portadores, por Incapacidade, e nada é mais trágico que a Morte de um Amante, por ser o Amor também o mais precioso dentre os Seres.
Mesmo assim, por vezes é desnecessária a Morte dos Amantes e o Amor as evita a tanto Tempo que prova ser da Vida o mais sábio."
'Alguém'
Há Algo de estranho, Algo de novidade ...
O Amor, que pensei ser nômade, hoje gosta mais do que há por aqui.
Achou em meu peito um lar. Achou em Si sua Morada.
Achou me uma e deixou-me enamorado.
Tuas Viagens agora são seguindo-a pelas Ruas.
Quando saí leva com ele meus Deuses, meu Peito, meu Sangue, deixando-me o Esqueleto para não desfalecer e o Intelecto para deste Corpo vazio cuidar.
Não há muito da Alma sem ela estar por aqui e está por aqui quase sempre, mesmo que só no intelecto que sobrou, para que não se sinta tão só, acompanhada pela imaginação. Esta lhe presenteia com sonhos, dos quais faz seus planos , o pedaço do futuro que não depende do amor para nascer.
Não se preocupe, meu amor. Não se preocupe jamais...
vou te ver em breve e iremos viver...
Do Zero
A primeira Carta, o primeiro Efeito de um Eco num Espaço vazio e eu ainda sou tão pequeno. Sim, do ser e fazer surgem as Novidades e as Beldades, em alguns Momentos e sem qualquer Garantia. Meu Espaço em branco surge negro para o Deleite, reflexo de um pequeno Broto de Imagem. Que transforme a si e que me leve as Tantas... Que seja mais um dos Caminhos e que o trilhe junto aos muitos outros.